Aceitando a Morte

O medo da morte acreditamos que seja o nosso maior trauma.

Trauma que nos bloqueia a viver plenamente quem somos. A relacionar-nos com inteireza. A abraçar a diversidade e o desconhecido.

Viver a morte é parar para sentir. É parar para nos contemplarmos. É falar sobre qualidade de vida, sobre escolhas. É escrever a história das nossas vidas como nós queremos que ela seja. É viver-nos inteiros. É Amar e ser amado. É amar-nos.

Falar sobre a morte implica uma mudança grande do paradigma social porque implica começarmos a assumir responsabilidades pelas nossas escolhas. Implica começarmos a falar sobre nós individualmente, mas também sobre o impacto de nós nos outros e no planeta.

Falar sobre o fim da vida implica o resgate da ligação que perdemos com a Natureza e com o Cosmos.

Falar sobre a morte é falar da Vida. Implica o resgate da nossa sabedoria ancestral e originária em que compreendemos o movimento da morte como o movimento da vida.

Todos fazemos parte dos ciclos da natureza. Primavera, Verão, Outono, Inverno. Natureza cíclica, impermanente, movimento contínuo onde o “não saber” é a única verdade.

O nosso maior trauma é termos esquecido que o somos.

Há que refletir sobre a importância da re-ligação com a nossa natureza e os seus ciclos. Re-aprender a reconhecer a morte em nós e expressamos os nossos medos, emoções e lutos, num espaço seguro. Partilharmos e conectamos uns aos outros, através daquilo que nos faz ser humanos e nos faz expandir o coração à compaixão por nós e pelo mundo: a nossa ciclicidade, a nossa impermanência, as nossas emoções, a nossa dor.

A 9 de setembro 2023, convidamo-vos a estar connosco no Festival Bem Estar! Vamos trazer a beleza do ritual, da imagem (fotográfica, desenho, colagem, outras, de diferentes autores), do texto, do círculo e do labirinto, para que em conjunto possamos reflorestar em nós a medicina da vulnerabilidade, da doença, do envelhecimento e da morte.

Este espaço pretende ser um lugar de reflexão, beleza, arte, ritual, escuta e partilha para todos aqueles que queiram sentir-se através das transições da vida.

Texto de Ana Infante; Enfermeira; Doula do fim da vida
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